sábado, 28 de março de 2009

O trabalho na comunidade Chico Mendes

Existe um mito no Brasil de que Florianópolis não tem favelas, o apelido de ilha da magia e sua belissima paisagem recheada de mar, praias e um bocado de propaganda de televisão esconde mais de 80 espaços na cidade, que são considerados favelas.

Trabalhei na cominidade Chico Mendes por dois anos. Eu nunca gostei de chamar aquele espaço de comunidade, preferia o termo favela. Mas por espeito as lideranças comunitárias eu chamava comunidade. O termo comunidade parece-me impróprio para um espaço em que reina o individualismo. Por isso também não gosto do termo comunidade universitária. Também acho que não é mudando o nome que mudamos a realidade.

Mas voltemos a falar daquele espaço:
Na Chico Mendes moravam cerca de 5 mil pessoas e faltava tudo: saneamento básico, posto de saúde, área de lazer, segurança, emprego, área para esporte, cinema, teatro, dinheiro, comida e assistencia do poder público. Sobrava trabalhadores no sub emprego, trabalhadores desempregados, crianças, mulheres grávidas, filhos sem pais, juventude ociosa e de vez enquando um punhado de violencia por parte da polícia e de traficantes.

Todos os dias estavamos lá, eu, Zeca Trindade, Maíra Souto, Luiza, Célia, Gerusa, Silvana e Carmem. Éramos funcionários, muito mal remunerados, da Fundação Fé e Alegria do Brasil. Projetos de educadores, com formação debilitada, sonhadores, trabalhando sem a menor condição possível para se fazer um bom trabalho educacional.

Assim como grande parte dos educadores brasileiros, não quero aquir cometer nenhuma leviandade e generalização, mas digo com certeza, das pessoas que conheci trabalhando com educação, seja nas comunidades periféricas, seja na rede pública municipal ou estadual, 70% pelo menos, só faziam aquele trabalho pelo emprego. Mais nenhum outro compromisso. O que ocasionava e ocasiona um reflexo direto na péssima formação educacional das crianças Brasileiras.

amanhã eu continuo...

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