sábado, 28 de março de 2009

Exposição Poema em preto e branco César Félix e Clara Figueredo

Poema em preto e branco

Poema em preto e branco é uma expressão de liberdade.

Fotografias livres em poemas soltos correndo sem direção ou efeito.

Uma agonia, um agouro, um pedaço de rebeldia.

Aqui a arte não é planejada, surge como um susto.

Pronto, ela está na sua frente.

O trabalho é uma coletânea de poemas César Félix e fotografias de Clara F. Figueredo.

Produções sem data, hora ou intenção premeditada.

Tudo parido a revelia do tempo.

A fotografia em Preto e Branco facilita a abstração das imagens, o que nos permite criar algo que não é apenas um registro, mas sim algo novo, algo por si mesmo.

Uma obra de arte.

Aqui a fotografia e a poesia tem um clima mais atemporal e eterno.

Diz não dizendo e não dizendo mostra.

O animado e o inanimado se confundem entre corpos,

paredes e lamentações.

Desejos, amores, reflexões e intenções.

Quando a mulher aprendeu a desenhar desenhou com carvão.

Quando pensou em cantar, cantou poesia.

O preto e Branco deixa livre e aberta às portas da imaginação.

A cor de cada verso fotográfico depende exclusivamente de sua capacidade de sonhar.






Beijo roubado

Tem horas que o tempo exagera e a alma levita

como se fosse um absurdo.

As portas se fecham e as chaves ficam como se

algum dia alguém quisesse entrar.

Tem horas que o tempo encurta,

labuta o desejo da fruta e

a cicuta morta já não pode matar.

O bom mesmo é não perder as chaves,

elas podem abrir portas,

da estrela que guia

da palavra escondida na boca que fecha,

no chão que fareja os passinhos do ar.

O passado não cansa,

o futuro não chega,

o coração enche e eu não sei nadar.

De volta pro ontem o futuro não veio.

Era quase noite,

meia quase hora,

saí noite afora,

não pude esperar...

César Félix



Chiclana

Quando a saudade me toma os olhos e

à fome de ti se funde em minha alma,

quando em tuas ruas já não cabem meus passos e

tuas praças ficaram tão pequenas que não me cabem.

Quando ao cair da noite

na solidão morna de meu quarto

meus olhos cerram para te ver e

te enxergam em braços que não são meus

Quando o ontem de teu nome não me deixava dormir e o

sono da noite me pesava mais profundo que

a memória de nossa história

Uma sombra encharcou meu eco e

tua lembrança me empurrava para o mar

- inverno de areias tristes –

Um local tão deserto que eu

caminhava horas e não saia do lugar.

César Félix



O ovo da serpente

Os olhos estão fracos e não vejo a noite,
As esquinas já lotadas não reservam espaços para indecisos,
Os arquivos, obsoletos já não podem guardar,
bibliotecas recusam livros,
não existe tempo para ler.
O corpo incendeia,
o tempo está nervoso,
o gesto absoluto e meu verso lento.
Em alguma parte do mundo alguém chora pra você sorrir.
O amor perdeu-se no abstrato,
o abraço, uma ilusão.
Estou cego,
o cérebro ferve,
meus olhos estão fracos e não vejo a noite.

César Félix


somos nós

já não serás tu
já não terás cor,
já não serás noite,

já não serás flor,
já não serei eu,
já não serás nada,
já não serei sonho,

já não serás dor,
já não serás triste,
já não serás louco,
já não serás tudo,

já não terás pouco,
já não serás vida,
já não terás morte,
já não serás pedra,

já não terás sorte,
já não serás livre,
já não serás solto,
já não terás sonhos,

já não serás tu...

César Félix




Clara



Para ver a foto maior basta clicar na foto

Fotografia: Clara Figueredo

Poema: Cesar Félix

para ver a exposição completa basta acessar o site: http://www.flickr.com/photos/fotopoesiapeb/3088804275/

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