sábado, 2 de outubro de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Livros livres
Uma variedade de sites com livros livres.
Basta acessar os seguintes endereços em:
http://www.brasiliana.usp.br/
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp
http://www.ebookcult.com.br/
http://www.culturabrasil.pro.br/
Estará a sua disposição uma grande variedade e diversidade de livros.
Sabe aquele livro que você sempre quis ler e não tinha grana pra comprar?
Aquele que você nem sabia que existia?
Estão aqui a sua disposição.
sábado, 19 de dezembro de 2009
Ladrão de sonhos

Ela estava certa que o mundo obedecera suas virtudes.
Contava com a razão e a razão queimava como se fosse carvão.
Suas cores tinham luz em infinito e obedeciam suas regras.
Ela criava como um Deus, mas precisava de pão.
Ela mudava o fósforo, as cores, o tempo, as horas, os nervos.
Só não acreditava em sonhos.
Até que um dia precisou da noite e a noite não respondeu.
Precisou do dia, o sol o derretia e ele jamais respondeu.
Ela então voltou a chorar, caiu no colo da noite e dormiu.
Sonhou como uma criança, brincou parecendo dança, beijou sem quere dizer, rio sem querer parir.
Pela primeira vez quis viver sem procurar entender.
Quando acordou preferiu ser mulher.
O tempo lhe roubara a razão.
Mas ela não acreditou e passou a vida inteira
pensando não acreditar em sonhos.
César Félix
Para Alessandra Gramkow
Foto: Clara Figueredo
Conversando com Paola
O sonho acordado é o que faz voar
o beijo não beija quando boca seca
o coração quebra se não sabe amar
mergulho poesia no meio das pedras
poema não quebra não sabe quebrar
César Félix
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
SIDARTA
Para onde vamos senão ao nosso próprio encontro?
Para onde sou se sem o fora eu não existo em nada?
De que vale um sábio se nem ele sabe de onde vem?
A seta da alma voa sem direção e eu não me acho,
esvazio como um fosso procurando eu,
quando chego ao fundo não existe fosso,
o poço sou eu.
Poema: César Félix
Fotografia: Felipe Obrer
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
a invenção do poema
atormenta
ator tenta
inventa
procura o tema
dilema
cadê o poema?
A empreitada do homem
O desespero da vida
O fundo do poço
A busca infinita
A tempestade
Fosso
Mutilação do tema
Ventania
A tormenta
O ponto fraco
Rebeldia
Atormenta
A partida
O fim do tema
poema
César Félix
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Poema do amor errado
erré por no saber lo que era amar,
te ame errado tan erradamente,
erré entonces com miedo de amarte.
Te ame en el auto, te ame em la cama,
te ame en el barro, te ame em la lama,
te ame en la lluvia, mojado em perdon,
te ame en el sol, callado em razón.
Erré por haverte amado despacio,
erré por cantarte sim poesia,
erré por poemar mi saudade,
te ame en la noche, me zambulli em el dia.
Te di mi fecho entero sim razón,
te ame desnudo, vestido sin camisa,
te amé en el suenõ más allá de la imaginacion...
te hice un poema sin miedo de errar,
y por amarte tan erradamente,
reivindico el derecho de errar.
Poema: César Félix
Traducion: Nádia Burgos
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Confira as próximas apresentações do aCORdeon da Palavra - O fole da fala
Quinta Feira, 26 de novembro, 20 horas, Espaço Cultural Sol da Terra - Lagoa da conceição/Florianópolis
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Quando eu quis ser o que não era
estava na infância da velhice e a juventude já beirava 80 anos.
Tudo que eu queria era uma semana de fogueira,
mas as pessoas só me ofereciam dinheiro,
falavam de sonhos e acordavam dinheiro,
vomitavam saúde e tratavam dinheiro,
buscavam a melhor comida e comiam dinheiro,
meditavam em templos revestidos de dinheiro,
praticavam yoga e o exercício tinha forma de dinheiro,
amavam o verde da cor do dinheiro,
apaixonavam-se, e o fogo da paixão quiemava
como se fosse dinheiro.
Correntes de amizade, correntes de dinheiro.
Eram meus últimos dias,
Dobrei a esquina e eles olharam de lado.
Jaziam três meses e nenhum sorriso.
Nenhuma ruga lhe ocupara a face,
nenhum brilho, nenhuma estrela.
Eu paguei a conta e sem nenhuma palavra,
eles voltaram a sorrir.
César Félix
Seis sentidos e vinte um gramas
Um campo repleto e extinto de desejos;
analfabeto da alma, o moribundo perde a visão e
olha para não ver;
pouco depois vai-se o tato,
as mãos padecem sem força para o abraço;
Já não se ouve a música, o choro dos lamentos e
os ponteiros do relógio buscam as horas mas
não alcançam os fatos;
o último suspiro veio da saliva,
sente-se apenas o gosto da demora.
Alma não tem gosto, tem peso e cheiro,
o último dos sentidos.
A morte está completa.
César Félix
sexta-feira, 26 de junho de 2009
terça-feira, 16 de junho de 2009
Colorindo em vinhos
amo-te ao meio dia, amo-te em horas quentes,
amo-te em meia hora, macio e suavemente.
Te desejo no infinito, no corte da estrela cadente,
com a coragem dos suicídas, no nascer de uma semente.
Amo-te no entanto, no tinto da água ardente,
envenenado me deixaste louco,
febril, fora do caminho, rijo de corpo quente.
Nossa língua insiste em se querer beijar,
mas a saliva em tinto dava pinceladas,
eu te pintava sem saber pintar,
Era Dalí te colorindo em vinhos.
César Félix - lareira de 2009
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Na revolta da catraca - apresentação do aCORdeon da Palavra
quarta-feira, 3 de junho de 2009
12 de junho na Barca dos livros - a música e a poesia do aCORdeon da Palavra
aCORdeon da Palavra em apresentação no CIC

As fotos abaixo são da Lorena Duarte:
Apresentação no teatro da Igrejinha da UFSC




Para ver a imagem em tamanho maior, basta clicar na mesma.
domingo, 31 de maio de 2009
revirando a noite
entre rua e sol eu adormeço,
atravesso a rua viro do avesso,
fui pela noite e dormi na lua.
O tempo rasga minha cara a noite,
eu desconverso o verso e não me canso,
a fera eu obedeço e do veneno avanço,
hoje não moro, não tenho endereço.
Incinerado o meu peito explode,
da calma ao susto existe um abandono,
em pane o tempo enlouqueceu os mares,
furacões vermelhos habitam meus sonhos.
Estilhaçado fiquei abafado,
enchi a cara e fiquei meio tonto
eu procurava o que não era achado
e me perdia no que não encontro.
César Félix
maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Conheça o aCORdeon da Palavra

Fotografia: Rafael Vilela
aCORdeon da palavra surgiu quase como um poema, ou seja, quase como um susto. Não planejamos, não montamos, não prometemos e quando vimos ele estava lá. É um trabalho composto de poemas e músicas diversas, não está preso a nada. Livre como deve ser a manifestação artística. Eu (César Félix) brinco de declamar poesia e João Tragtenberg brinca de acordeon. Assim deixamos nos levar. Interpretamos músicas do compositor francês Guilaume Yann Tiersen, da brasileira Chiquinha Gonzaga, dos brasileiros Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, do Argentino Ramón Sixto Rios. Passeamos por temas do folclore argentino, musicas circenses e bulgaras. Os poemas declamados são de minha autoria (cesinha ou César Félix), dos poetas brasileiros Carlos Drummond de Andrade, Cruz e Sousa, Carlos Pena Filho e Arnaldo Antunes, também apresentamos poemas do argentino Jorge Luis Borges, do Russo Vladimir Maiakovski, dos portugueses Flor Bela Espanca e Alberto Caeiro e José Régio. A primeira apresentação foi a pedido da Clarinha (fotografa Clara Figueredo), depois nos apresentamos no ateliê Nemastê (canto da lagoa), no palco do bosque do CFH/UFSC (festival cultural Abril Bosque, promovido pelo DCE da UFSC), fizemos duas apresentações no Café matisse/CIC. No 21 de maio/2009 nos apresentamos juntamente com os artístas Africanos: Felipe Mukenga de Angola e o Cabo Verdiano Vadu em atividade do Círcuito Cultural Lusófono (evento realizado no CSE/UFSC numa promoção conjunta da ONG ETNIA Cultura e Desenvolvimento, de Portugal e o do Instituto de Estudos Latino Americano - IELA). No final de maio fizemos um show de encerramento da Semana de Letras da UFSC.
João Nogueira Tragtenberg
A fotografia é da Clara Figueredo, para ver outras fotos dela basta acessar:
http://www.flickr.com/photos/claraffigueiredo
É o músico do aCORdeon da Palavra. Nascido em Florianópolis, João é estudante do curso de Física da Universidade Federal de Santa Catarina.
Iniciou seus estudos de música aos12 anos de idade em Oxford na Inglaterra, tendo aulas particulares de piano erudito. Seguiu os estudos em sua terra natal fazendo aulas de piano popular brasileiro com a pianista gaúcha Patrícia Bolsoni por 4 anos. Na Cidade de São Paulo, estudou com a consagrada pianista Silvia Goes. Em 2003 participou de dois cursos: Curso de Piano Popular da XXI Oficina de Música de Curitiba com o Prof. Marcus Nimrichter e Curso de Piano Popular do V Festival de Música de Itajaí/SC ministrado por Michel Friedenson, Itajaí/SC.
Em 2007 iniciou seus estudos musicais no acordeon de forma autodidata. No mesmo ano participou do Curso de Pandeiro Iniciante da XXV Oficina de Música de Curitiba ministrado por Celsinho Silva.
Em 2009 participou do Curso de Acordeon da XXVII Oficina de Música de Curitiba e o do Curso de Músicas do Mundo também na XXVII Oficina de Música de Curitiba, os dois ministrados por Gabriel Levy.
Participa do grupo de teatro “Troupe
É integrante também como acordeonista do trio de música instrumental brasileira TITRIO, apresentando-se semanalmente nos ônibus de Florianópolis com o público sempre lotado.
No “aCORdeon da Palavra” - Duo de música e poesia - participa ao lado do poeta César Felix, Realizando apresentações na abertura da exposição de fotografia “Deslocamentos” de Clara Freitas e Mabel Fricke na Galeria de Artes da UFSC em março de 2009, no mês de abril apresentou-se no festival cultural “Abril o Bosque” do DCE-UFSC e no mês de maio apresentações no Café Matisse do Centro Integrado de Cultura(CIC), no Circuito Cultural Lusófono na UFSC.
César Félix (Cesinha)
É o poeta do aCordeon da Palavra, com formação em História pela UFSC, é Professor e ativista de movimentos sociais e culturais. Tem Três livros de poesia publicados: “A oficina da poesia” (2003),“Se você olhar dentro do poema, o poema olhará dentro de você” (2006) e "Se existe poesia existe vida" (2008) – publicações independentes. Declamou poesia em vários projetos artísticos, entre eles: “Quintal das Artes” 1998 e projeto 12:30 (DAC-UFSC), Encontro Mundial dos Estudantes (Havana-Cuba)1997, participou do projeto Velhos amigos, fez apresentações na Barca do livro e Espaço Cultural Sol da Terra, ambos na lagoa da conceição em Florianópolis. Apresentou o espetáculo “Sobre a Arte de amar” em 2006 no teatro da UFSC, “Espelhados – A vida refletida em poesia,” também no ano de 2006, ao lado de Ryana Gabech e Raphael Galcer, e “Harmonia da palavra” com Bernardo Sens em 2007. Cesinha participou do projeto Margem Esquerda – música e poesia Brasileira – com apresentações no Sesc, Café dos Araçás e Jinga Bar, em Florianópolis e nas cidades de Madri, Alcalá de Henares, Sevilla, Xiclana e Granada, todas na Espanha em 2008 e Participou em Florianópolis, juntamente com o grupo “Bom Partido” do show em Homenagem aos 100 anos de Cartola. Em 2009, além do aCORdeon da Palavra, Cesinha participou dos espetáculos “Rio da Impermanencia”, com os violonistas e compositores Raphael Galcer e Rafael Buti e de vários espetáculos de Choro e Poesia, com o grupo de choro Ginga do Mané, de Florianópolis. Cesinha apresenta em parceria com a fotografa Clara Figueredo a Exposição de fotopoemas “Poesia em Preto e Branco”.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Para conhecer parte da História da UFSC
Livro “Curso de Economia da UFSC – 65 anos de História”
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O projeto foi coordenado pelo professor Ricardo Oliveira e o livro foi escrito pelo historiador e poeta César Félix e pelo professor Pedro Antonio Vieira, do curso de Economia da UFSC. São dados, fatos, momentos históricos e fotografias, resultado de dois anos de pesquisa.
Para o professor Ricardo, “o curso de Economia da UFSC é neto do curso de Administração e Finanças, criado pela Academia do Comércio de Santa Catarina no ano de 1942, e filho da antiga Faculdade de Ciências Econômicas, criada no ano de 1945, incorporada à UFSC em 1960, e transformada no atual Centro Sócio-Econômico”.
O curso iniciou sua trajetória na Avenida Hercílio Luz, passou pela Travessa Ratcliff e pela Rua Almirante Alvim, todos endereços no Centro de Florianópolis. Em 1980 foi definitivamente transferido para o campus universitário da UFSC, na Trindade.
“O livro é um projeto ousado, que muito contribuirá para que se possa entender a trajetória do ensino superior em Santa Catarina e, fundamentalmente, parte da história da UFSC.”, disse o professor Ricardo Oliveira.
Ainda sobre esse livro você poderá ler a resenha "Na formação da cidade" escrita por FELIPE AMIN FILOMENO, Doutorando em Sociologia pela John Hopkins University (EUA), mestre e bacharel em Economia pela UFSC, publicada em 31 de janeiro de 2009.
Para ler a resenha basta acessar:
http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2387644.xml&template=3898.dwt&edition=11611§ion=1323
Quer ler? Aqui está um bom livro.
1968 Ditadura Abaixo
Por César Félix, poeta e historiador.
Foi visitando a Barca dos Livros que tive conhecimento do recém lançado livro da jornalista Teresa Urban, 1968 Ditadura Abaixo, um livro de História, Arte e Jornalismo.
Publicado pela editora Arte e Letra, com arte gráfica e editoração de Diego Corrêa Martins e desenhos do artista plástico Guilherme Caldas, o livro, publicado no final de 2008 em Curitiba, pode ser considerado uma ótima novidade no mercado editorial. O leitor encontrará um conteúdo forte, porém sem peso, pois é um livro leve, gostoso de ler, bonito, informativo e de conteúdo histórico. Gostei do livro porque conta história com arte e faz arte contando história.
Falando nisso, antes mesmo de entrar propriamente nos comentários sobre o livro em si e sua colaboração para o mundo acadêmico e editorial, queria fazer um registro, um depoimento que não foge do assunto.
Esses dias estive pensando sobre o porquê do meu gosto pelas artes, de onde vem o meu prazer para a pesquisa e o estudo da História. Eu tinha tudo para não gostar de arte.
Quando criança, era obrigado a acompanhar minha avó à missa todos os domingos: nunca encontrei algo mais chato.
Na escola, a poesia me foi apresentada como obrigação, matéria de provas. Estudava na escola chamada Marechal Arthur da Costa e Silva e tínhamos aulas de Educação Moral e Cívica. As aulas de história eram compostas de uma montanha de datas e fatos que tínhamos que decorar.
Sempre a história dos outros, nunca estudamos nada sobre nossa história.
Isso ficava por conta de meus avós, que não cansavam de repetir histórias dos seringais de minha terra.
Minha aula de música era somente o Hino Nacional e o acreano que eu tinha de cantar todos os dias antes de entrar para sala de aula.
A professora de Português organizava, a cada 15 dias, um sarau, que era tão chato quanto as missas. Os poemas vinham prontos, não tínhamos o direito de escolher, era respeitado somente o gosto da professora. E lá ficávamos por horas, lendo poemas com que a gente não se identificava.
Decidi fugir de casa e sem contar nada para minha mãe fui conhecer o cinema, ficava no centro de Rio Branco. Consegui dinheiro vendendo umas panelas de alumínio para o ferro velho do seu Pedro, que também era sapateiro. Meu primeiro filme foi Paixão de Cristo, parecia que a igreja estava me perseguindo. O lado bom desse história foi que, pela primeira vez, eu via a imagem do homem de que o Bispo Dom Moacir tanto falava, Jesus Cristo.
Certa vez, chegou a notícia da chegada na escola de dois novos professores, o policial Roberto Craveiro, que ensinaria Português, e o pintor (pois na época, pelo menos lá no Acre, ainda não se conhecia o termo artista plástico) Hélio Melo, que ensinaria Artes. Lembro-me como se fosse hoje: o professor Roberto tirava metade do tempo para ministrar aulas chatas e metade para nos contar histórias e brincar de futebol com a gente. Tudo escondido da dona Almira, a diretora da escola.
O professor Hélio Melo era um velhinho que tocava rabeca, declamava poesia e pintava quadros com tintas feitas a partir de folhas da floresta. Exímio contador de estórias, contava a estória dos répteis, das plantas, dos animais, dos peixes e estórias dos mistérios da floresta. Foi através dele que conheci o curupira, o boto cor de rosa, o caboclinho do mato e o saci. Lembro ainda hoje de uma reunião em que o professor Hélio Melo havia sido denunciado por contar estórias demais e dar aulas de menos.
Aulas oficiais e aulas escondidas: não me perguntem o que lembro das aulas oficiais. Lembro de todos os detalhes das aulas escondidas.
Hoje, passados 30 anos desses acontecimentos narrados, posso afirmar que o problema não estava somente na chatice das missas, na monotonia dos saraus ou nas mesmices e obrigações de decorar das aulas de histórias. O problema estava no jeito de mostrar os poemas, falar de Cristo e contar histórias. Talvez por isso eu tenha me interessado mais pela História e pela Arte de fora das salas de aula.
Aqui, quero voltar para o livro de Teresa Urban, que obedece a uma metodologia que logo no início contextualiza historicamente o leitor. Não fica preso somente à história política, o que é comum em livros de história sobre esse tema, aborda e contextualiza o leitor em vários campos: o da moda, da música, da política, da economia e da literatura. Uma amostra de que a história é tão complexa e diversa quanto a vida.
A idéia de criar uma estória em quadrinhos para ajudar a compreender a história é interessantíssima, pois se consegue fazer o leitor visualizar como a história registrada nos documentos se materializa na vida e no dia a dia das pessoas.
A imagem bem tratada dos documentos dá credibilidade à história e aos historiadores, eliminando a possibilidade de a juventude achar que grande parte da história está apenas na cabeça “fantasiosa” dos professores de história. História e literatura complementam-se na busca da compreensão da vida.
1968 Ditadura Abaixo detalha o cotidiano do movimento estudantil de Curitiba, espaço de militância da autora em sua juventude. É uma valorosa contribuição para a história recente do país e sua publicação ganha em importância, principalmente se levarmos em conta os tempos atuais, quando os estudantes correm desesperados atrás de diplomas e empregos e o Movimento Estudantil, em sua grande maioria atrelado ao poder, foge da crítica e da responsabilidade de intervir politicamente nos rumos do país.
Após vários anos trabalhando com a arte da poesia e mergulhado na tarefa do ensino, não posso deixar de elogiar a iniciativa e a coragem que Teresa Urban e Guilherme Caldas tiveram no tocante não apenas ao conteúdo da história contada, mas, fundamentalmente, no jeito de se contar essa história.
Uma coisa que aprendi nos palcos foi que, para os olhos do público brilhar, é necessário que antes brilhem os olhos do artista. Nenhum professor irá fascinar seu aluno com uma matéria pela qual ele próprio não seja fascinado. Assim como eu aprendi a gostar de arte e de história fora das salas de aula, com professores que foram subversivos no seu modo de fazer história, nada impede que as crianças e os professores de hoje sigam o mesmo caminho.
Esse livro pode ajudar na caminhada.
URBAN, Teresa. 1968 Ditadura Abaixo. Editora Arte e Letra, 2008.
Escrevi este texto para o portal da sociedade amigos da leitura no primeirosemestre do ano de 2009.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Música Africana no Brasil
Floripa precisa mesmo se comunicar. Urgentemente se comunicar.
Os cantores e compositores, Angolano Felipe Mukenga e caboverdeano VADU estiveram em Florianópolis, participaram de uma tividade no interior da UFSC e ssim como a maioria dos negros de Florianópolis, passaram invisíveis.
Mukenga é uma referência na música Angolana, inventor de ritmos e influenciador de outros tantos músicos, inclusive brasileiros como Djavan.
O cantor e compositor VADU faz sua música influenciado por suas raízes, nelas você pode identificar todos os ritmos populares e estilos do interior de Santiago - O Batuco, o Tabanka e o Funaná - uma música que evidencia as dificuldades da juventude vivida num ambiente urbano duro, um alerta para as prioridades sociais e culturais do país caboverdeano.
Assisti uma aula de ritmo e interpretação. Perdeu quem não divulgou, perdeu quem não assistiu, eles passaram e a universidade não viu. No público estavam presentes, alguns estudantes, alguns estudantes africanos em intercambio, alguns poucos artististas da cidade e dois professores, um da UFSC outro da UDESC. Ao lado do auditório mais de 20 salas de aulas, repletas de estudantes que aprendiam matemática, macro e micro economia.
Última Notícia: Era tudo de graça, não precisava pagar nada.
Precisamos mesmo aprender a nos comunicar.
Se você quiser ouvir a música dos compositores africanos basta acessar:
http://www.youtube.com/watch?v=MxSHNsFLaWw
Você ouvirá a música "Lá fora", de VADU
Na voz de Djavam você poderá ouvir a música "Humbiumbi", de Felipe Mukenga:
http://www.youtube.com/watch?v=QSwrzkvEkhA
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Sobre a Arte de Amar

Sobre a arte de amar
Nada se prende a música,
a música não aprisiona.
Nenhuma grade cerca o teatro,
sob pena de o palco virar prisão.
Nenhuma força controla a voz,
controlada ela não canta, chora...
O amor e a arte navegam na
mesma artéria de sentimentos e
se manifestam sempre na saudade
um do outro.
O amor não domina,
não escraviza,
nem transforma,
o amor liberta!
Igual a um instrumento que só toca liberdade,
no amor, quanto mais se ama,
mais se é livre!
O poema é de César Félix
A fotografia e a arte gráfica é de Fernando Angioletto
A imagem é do Aplysia grupo de dança
domingo, 10 de maio de 2009
a loucura se escreve no escuro
Fotografia de Clara Figueredo
Imagem do mercado público de Florianópolis

Para ver a exposição completa basta acessar: http://www.flickr.com/photos/fotopoesiapeb/
Revista ponto e vírgula - curso de Jornalismo da UFSC
O perfil do acreano que tirou a poesia da estante
para ler a revista basta clicar no endereço abaixo:
http://www.revistapontoevirgula.com/pv/index.php?option=com_content&view=article&id=15:10-dezembro-de-2008-pdf&catid=6:publicacoes-pv&Itemid=8
Texto de Thiago Bora
Dezembro de 2008.
nem Luxo nem Lixo
O poeta caminhava apressado para verificar o auditório em que lançaria seu livro. César Felix é um artista do cotidiano. Seu novo livro é pequeno e cabe no bolso. A justificativa é que quando for preciso sacar uma arma, seria melhor que tirassemos do bolso um livro de poesias.
Cesinha, como é conhecido, nasceu no Acre e veio para Florianópolis há 12 anos. Aqui cursou História na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e viveu grande parte das experiências que são contadas nos seus poemas. Ele foi presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), trabalho com o Movimento dos Sem Terra (MST), desenvolveu um projeto educacional para crianças e adolescentes na comunidade Chico Mendes e coordenou um trabalho com os índios do Morro do Cavalo.
Em 2001, Cesinha era professor da rede pública de ensino. Cansado da precarização do sistema educacional e dos baixos salários decidiu optar de vez pela poesia. “Se era para ganhar pouco como eu estava ganhando, melhor seria viver do que realmente eu mais gostava”, explica. Desde o início o poeta sempre pensou em juntar as artes. O primeiro show ocorreu no bar Drakkar, num projeto que ele havia criado, o Caldo Cultural. A idéia de unir música e poemas continuou em Noite de Poesia com Jaime Santos. “Uma coisa da qual me orgulho muito é de hoje ser respeitado pela minha obra. No começo eu era convidado para declamar com os músicos, porque eles eram meus amigos. Eu sempre apresentei os músicos para muita gente, aí eles retribuíam. Hoje não é mais assim”.
Enquanto checava alguns detalhes antes do show, César Félix pedia para o funcionário do auditório o empréstimo de dois pedestais, que foram negados. O artista dirigiu se então ao responsável pelos equipamentos: “Barbosa, é só hoje e são apenas dois pedestais, te devolvo amanhã sem nenhum tipo de problema. A sala de Centro de Eventos tá cheia de pedestais parados.” O administrador pensa um pouco. “Cesinha, pela tua história comigo eu deveria era bater com esses pedestais na tua cabeça, mas tudo bem, leva dessa vez”. O poeta desce as escadas lembrando que isso sempre acontece. É uma conta que paga por toda atuação políticadurante o período em que atuou como presidente do DCE. O artista complementa também, que esse ser político não morreu, apenas mudou. Agora ele faz política nas suas escolhas.
César Félix sempre se apresentou com músicos, mas nunca quis estudar música. Não pretende criar canções, “Meu negócio é a fala, sempre fui orador”. Cesinha atuou com mais oito músicos no grupo Margem Esquerda, com elels viajou no ano de 2008 pela Espanha mostrando os poemas de Cesinha e a música de vários compositores brasileiros, entre os músicos que já dividiram o palco com Cesinha estão: Paola Gibram (acordeon), Bernardo Sens e Marina Beraldo Bastos (flauta), Raphael Galcer e Rafael Buti (violão), Fred Malverde (cello), Oswaldo Pomar e Eduardo Vidili (percussão), Maria Beraldo Bastos (clarineta) e Luciana Alves.
Em Florianópolis, o acreano diz que encontrou o melhor lugar do mundo para criar. Mas em termos de dividir esse trabalho com o público as dificuldades são imensas. “A cidade é pequena, o giro econômico não é voltado para as artes, a Lei de Incentivo a Cultura do estado ainda é muito pouco e principalmente não existe uma formação nas escolas para que as crianças reconheçam os produtos culturais. Me diz onde fica a casa do Cruz e Souza – grande poeta catarinense? Onde ele andava ? Onde ele declamava? Não existe, ninguém sabe”.
Graziele Frederico
fonte: texto publicado no blog nem luxo nem lixo
http://nemlixo-nemluxo.blogspot.com/2008_06_01_archive.html
sábado, 9 de maio de 2009
Poema: A estrada perdida - César Félix

O espelho desenhava o meu retrato,
na janela o vento sopra cor lilás,
das mulheres o sonho exala o corpo inteiro,
na estrada toda vida se desfaz.
O espelho desenhava o teu retrato,
a fumaça faz um gesto amplo demais.
Te comia como a cinza come o verme,
meu retrato no espelho se desfaz.
A fumaça faz um gesto tão exato,
na caneta a tinta deixa o teu poema,
a poesia corre solta na parede,
no teu rosto as marcas deixam teu dilema.
Eu te falo, mas não sei com quem converso,
a loucura faz o mundo enlouquecer,
o insano está no canto do meu quarto,
culpo os outros, vejo o mundo,
mas não consigo me ver.
César Félix
Momentos de dois Espetáculos
terça-feira, 5 de maio de 2009
Sexta 8 de maio no Café Matisse - musicapoesiamusicalpoetica
Quem foi que disse que no Acre não tem Rock?
Los Porongas é formado pelo vocalista Diogo Soares (na frente), pelo guitarrista João Eduardo (esquerda), pelo baixista Magrão(direita) e pelo baterista Jorge Anzol,

Que Ouvir, é só acessar:
www.porongas.blogspot.com
http://www.myspace.com/losporongas

Aquilo estava uma loucura, para onde eu me virava tinha arte.
E lá fomos nós, eu e Gustavo Triane - estudante de cinema da UFSC e companheiro de viagem - Na busca de descobrir o endereço dos Los Porongas, a Banda do Anzol.
Ganhei dois presentes: Conheci o João e o Diogo, os dois acreanos, os dois músicos do Los Porongas, deviam ser adolescentes quando sai de Rio Branco para Florianópolis.
Dormir por lá, fizemos uma farofa legitima - com farinha de Cruzeiro do sul - e conversamos noite a dentro, nessa brincadeira devo ter perdido uns sete shows da virada, mas o papo valeu a pena, Falamos de tudo: História do Acre, da juventude, de música acreana, do circuito de bandas independentes no Brasil, de Florianópolis, do Jorge Henrique e do Varadouro - Festival que eles ajudaram a criar na Capital Rio Branquense.
Pena foi eu não ter visto o Márcio Magrão, baixista da Banda, mas fica pra outra visita.
Assistimos o DVD da Banda e fizemos planos, tão sonhadores quanto eu, os acreanos dos Los Porongas já pensam em ocupar o espaço cultural do sul do Brasil. Sejam bem vindos!
o coração e a loucura
Samba pra Deise
Como um amor feito no espaço,
soletrei em ti meu português nefasto,
entre interrogações, exclamações e tremas,
de vírgula em vírgula te fiz poema.
Empoemado em te fazer um conto,
embebecido me deixaste tonto,
e eu cansado em te fazer em rima,
beijei em cima e te deixei no ponto.
César Félix
Último esforço
eu procuro tua constelação - escorpião
veja, o fundo está escuro
pode até parecer um poço
mas eu salto e me aventuro
nem que a cara contra o muro
seja meu último esforço
César Félix
Um sapo agarrado numa cerveja

fotografia: Rafael Vilela ( www.flickr.com/photos/rafaelvilela )
No teclado está meu eu.
O visor também sou eu.
Agora é assim, todos sou eu e eu não sou ninguém.
O real é o virtual.
Mas o virtual não existe e o real é vazio.
Delícias do mundo atual:
Café sem cafeina, cerveja sem álcool e creme sem gordura.
Assim é meu virtual, descafeinado e não alcólico.
Um gordo que não engorda.
Eu sou todos e não sou nada.
Mas navego num espaço infinito, eu sou Livre!!!
No comercial da cerveja uma garota encontrou um sapo que
um beijo o transformou num principe.
O principe beijou de tal forma que ela transformou-se numa cerveja.
Eu sou isso:
Um principe sem afeto, um sapo.
Uma garota com gosto, uma cerveja.
No virtual eu sou um principe e você a bela,
fora do virtual eu sou apenas um sapo agarrado numa cerveja.
poesia: César Félix
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Memória do Movimento Estudantil
Movimento Estudantil
Quando tua língua sente o
cheiro do meu suor,
quando nos teus movimentos
eu começo a suar,
quando em nossa dança
ritimamos a mesma melodia,
bailamos os mesmos sonhos,
criticamos a mesma sociedade,
chegamos ao comum acordo:
Temos que gozar de novo.
César Félix
Participei ativamente de 4 gestões do DCE da UFSC (Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina) :
1997 - Gestão "Fazendo Acontecer", eu estava entrando na universidade, era meu primeiro semestre no curso de história da UFSC, não fazia parte da diretoria, mas participei de toda a gestão, comecei trabalhando com o bolsista, logo depois fui indicado pelo DCE para representar os estudantes no Conselho de Curadores da UFSC e quando me dei conta estava mais envolvido na gestão que muitos dos diretores. A gestão não terminou bem, a diretoria estava dividida e dividiu o movimento estudantil. Mesmo assim algumas atividades marcaram a gestão: realização do calourarte, publicação do Canudo (Jonal do DCE), luta contra o aumento do preço do passe do RU, organização e criação da Rádio comunitária 102.9 e organização do estágio de vivencia nos assentamentos do MST. A divisão trouxe consequencias: A reitoria organizou uma chapa com estudantes da chamada "direita" para disputar as eleições para a diretoria do DCE, eles estavam unificados e nós divididos. perdemos a eleição e ficamos todo o ano de 1998 fora do DCE.

1999 - Gestão "pra não deixar privatizar"
Essa foi uma das mais belas experiencias que participei no movimento estudantil, conseguimos organizar uma chapa com mais de 100 estudantes, divididos em mais de 20 cursos. Estava presente nesta gestão todos os grupos e tendencias do chamado campo da "esquerda" da UFSC: PSTU, Pc do B, PT, Corrente Comunista Luis Carlos Prestes, Movimeto Graúna, Movimento dos estudantes preocupados com a Universidade, Grupo de ação política Florestan Fernandes e mais alguns que eu nem mais lembro o nome. Lembro que conseguimos toda essa união porque participamos conjuntamente de uma das mais fotes greves das universidades brasileiras, a greve de 1998. A prática da greve nos uniu e o desejo de tirar a direita do DCE nos alimentou. Vencemos uma eleição disputadissima. A reitoria havia organizado através do Pida, funcionário da UFSC e dono de um bar que fica ao lado da universidade uma chapa da chamada "direita" estudantil na UFSC. Foram dois dias de eleições e mais de 5 mil votantes. Vencemos bem, foi uma grande festa, estudantes tiraram a roupa e correram pelados pelo hall da reitoria comemorando a vitória. Durante o ano, recriamos a rádio, reorganizamos a representação estudantil no conselho universitário, organizamos outro estágio de vivencia, revitalizamos o Jornal "Canudo" do DCE, o Calourarte, as festas e os jogos estudantis. Porém, no segundo semestre nos dividimos. Veio a eleição para reitor, cada tendencia ou grupo optou por um candidato diferente: Estudantes ligados ao PT e PSTU e grande parte dos independentes optaram pelo apoio ao candidato Nildo Ouriques; estudantes ligados ao PC do B preferiram apoiar o professor Dilvo Ristoff e os estudantes ligados a corrente comunista Luis Carlos Prestes optaram por um voto que eles chamaram de "voto contra Rodolfo" o candidato da situação, porém nunca soubemos em quem eles votaram, fato é que a gestão terminou dividida.

Políticamente, essa gestão deu continuidade a luta que já desenvolviamos na gestão anterior.
A diferença desta gestão é que não estavam presentes na diretoria, estudantes ligados a corrente comunista Luiz Carlos prestes e estudantes ligados ao PC do B. Era uma gestão composta por estudantes independentes, Estudantes ligados ao PSTU e estudantes Ligados ao PT. A divisão foi motivada e estabelecida devido aos apoios e escolhas dos mesmos nas eleições para reitor.
2001 - Gestão "Faça você também"
Essa gestão foi para mim, uma experiencia diferente. Optamos por montar uma chapa e disputar as eleições para o DCE somente com estudantes "independentes" de grupos e de partidos. Ganhamos fácil a eleição, mas fizemos uma gestão bem difícil. Ampliamos a pauta de luta do movimeto estudantil e conseguimos o apoio de milhares de estudantes, na nova pauta incluimos arte, gestão ambiental e luta por democracia na UFSC e no Movimento Estudantil. Sofremos por isso, parte da chamada esquerda "esquerda" indignada por termos excluido os partidos e grupos de nossa chapa, nos chamavam de anarquistas, outra parte nos tratava como se fossemos de direita. A cada sindicato que chegavamos e pediamos apoio, este era negado devido a desconfiança, os partidos politicos bradavam a todos os movimentos sociais que éramos de direita. Pelo lado da reitoria o ataque vinha de outra forma, cortaram a cota de financiamento do DCE, oriundo da taxa de matrícula. O boicote a nossa gestão foi generalizado. Conseguimos colocar a direita e a esquerda contra a gente. Nunca deixamos de lutar na defesa dos direitos dos estudantes, nunca deixamos de lutar por uma universidade pública gratuita e de qualidade, nunca dissemos não aos movimentos sociais. Porém éramos castigados por não ter pedido permissão aos partidos para montar uma chapa para disputar as eleições para o DCE. Nesta gestão criamos o cine DCE, no auditório do convivencia, implementamos mais de trinta oficinas de arte no interior do DCE, mativemos o jornal "Canudo", mantivemos nossa presença no Conselho Universitário sempre defendendo o direito dos estudantes, realizamos a semana da Soberania Nacional - uma semana de conferencias, debates, oficinas e apresentações artísticas sobre o tema-, criamos a rádio varanda e aumentamos o número de festas do DCE ( afinal era de onde tiravamos os recursos). aí veio mais uma greve e mais uma vez nos dividimos. Essa gestão acabou dividida e traumatizada, tanto que vários dos componentes se recusaram a participar de uma nova gestão. Acordavamos alí para a seguinte verdade: na universidade não se lutava para mudar o mundo, mas para dirigir o poder do mundo. O que importava era o poder e não a mudança.
terça-feira, 31 de março de 2009
Não me arrependo de nada
Música: "Non, je ne regrette rien" (1960)
No vídeo quem interpreta Piaf é a atriz francesa Marion Cotillard.
Do Filme "Piaf - Um Hino Ao Amor" (originalmente "
DCE Luis Travassos - UFSC

Meu maio de 68
Ouso desobedecer para não secar
sonho com o infinito para em mim viver
minha marca não tem dono
minhas asas não tem rumo
minha boca não tem medo de beijar.
Desejo o corpo e o infinito em versos
obediência não cabe no meu refrão
rebelde de meu próprio tempo
soluciono minha vida com ação
liberdade é o que quero agora
a marca da hierarquia sopra para trás
eu mando obedecendo o vento
eu penso e não me satisfaz
César Félix
Se existe poesia existe vida
sábado, 28 de março de 2009
O trabalho na comunidade Chico Mendes

Trabalhei na cominidade Chico Mendes por dois anos. Eu nunca gostei de chamar aquele espaço de comunidade, preferia o termo favela. Mas por espeito as lideranças comunitárias eu chamava comunidade. O termo comunidade parece-me impróprio para um espaço em que reina o individualismo. Por isso também não gosto do termo comunidade universitária. Também acho que não é mudando o nome que mudamos a realidade.
Mas voltemos a falar daquele espaço:
Na Chico Mendes moravam cerca de 5 mil pessoas e faltava tudo: saneamento básico, posto de saúde, área de lazer, segurança, emprego, área para esporte, cinema, teatro, dinheiro, comida e assistencia do poder público. Sobrava trabalhadores no sub emprego, trabalhadores desempregados, crianças, mulheres grávidas, filhos sem pais, juventude ociosa e de vez enquando um punhado de violencia por parte da polícia e de traficantes.
Todos os dias estavamos lá, eu, Zeca Trindade, Maíra Souto, Luiza, Célia, Gerusa, Silvana e Carmem. Éramos funcionários, muito mal remunerados, da Fundação Fé e Alegria do Brasil. Projetos de educadores, com formação debilitada, sonhadores, trabalhando sem a menor condição possível para se fazer um bom trabalho educacional.
Assim como grande parte dos educadores brasileiros, não quero aquir cometer nenhuma leviandade e generalização, mas digo com certeza, das pessoas que conheci trabalhando com educação, seja nas comunidades periféricas, seja na rede pública municipal ou estadual, 70% pelo menos, só faziam aquele trabalho pelo emprego. Mais nenhum outro compromisso. O que ocasionava e ocasiona um reflexo direto na péssima formação educacional das crianças Brasileiras.
amanhã eu continuo...
O Show: O Rio da Impermanencia, com Raphael Buti e Raphael Galcer, Florianópolis 2009
Exposição Poema em preto e branco César Félix e Clara Figueredo
Poema em preto e branco
Poema em preto e branco é uma expressão de liberdade.
Fotografias livres em poemas soltos correndo sem direção ou efeito.
Uma agonia, um agouro, um pedaço de rebeldia.
Aqui a arte não é planejada, surge como um susto.
Pronto, ela está na sua frente.
O trabalho é uma coletânea de poemas César Félix e fotografias de Clara F. Figueredo.
Produções sem data, hora ou intenção premeditada.
Tudo parido a revelia do tempo.
A fotografia em Preto e Branco facilita a abstração das imagens, o que nos permite criar algo que não é apenas um registro, mas sim algo novo, algo por si mesmo.
Uma obra de arte.
Aqui a fotografia e a poesia tem um clima mais atemporal e eterno.
Diz não dizendo e não dizendo mostra.
O animado e o inanimado se confundem entre corpos,
paredes e lamentações.
Desejos, amores, reflexões e intenções.
Quando a mulher aprendeu a desenhar desenhou com carvão.
Quando pensou em cantar, cantou poesia.
O preto e Branco deixa livre e aberta às portas da imaginação.
A cor de cada verso fotográfico depende exclusivamente de sua capacidade de sonhar.

Beijo roubado
Tem horas que o tempo exagera e a alma levita
como se fosse um absurdo.
As portas se fecham e as chaves ficam como se
algum dia alguém quisesse entrar.
Tem horas que o tempo encurta,
labuta o desejo da fruta e
a cicuta morta já não pode matar.
O bom mesmo é não perder as chaves,
elas podem abrir portas,
da estrela que guia
da palavra escondida na boca que fecha,
no chão que fareja os passinhos do ar.
O passado não cansa,
o futuro não chega,
o coração enche e eu não sei nadar.
De volta pro ontem o futuro não veio.
Era quase noite,
meia quase hora,
saí noite afora,
não pude esperar...
César Félix
Quando a saudade me toma os olhos e
à fome de ti se funde em minha alma,
quando em tuas ruas já não cabem meus passos e
tuas praças ficaram tão pequenas que não me cabem.
Quando ao cair da noite
na solidão morna de meu quarto
meus olhos cerram para te ver e
te enxergam em braços que não são meus
Quando o ontem de teu nome não me deixava dormir e o
sono da noite me pesava mais profundo que
a memória de nossa história
Uma sombra encharcou meu eco e
tua lembrança me empurrava para o mar
- inverno de areias tristes –
Um local tão deserto que eu
caminhava horas e não saia do lugar.
César Félix

Os olhos estão fracos e não vejo a noite,
As esquinas já lotadas não reservam espaços para indecisos,
Os arquivos, obsoletos já não podem guardar,
bibliotecas recusam livros,
não existe tempo para ler.
O corpo incendeia,
o tempo está nervoso,
o gesto absoluto e meu verso lento.
Em alguma parte do mundo alguém chora pra você sorrir.
O amor perdeu-se no abstrato,
o abraço, uma ilusão.
Estou cego,
o cérebro ferve,
meus olhos estão fracos e não vejo a noite.
César Félix

já não serás tu
já não terás cor,
já não serás noite,
já não serás flor,
já não serei eu,
já não serás nada,
já não serei sonho,
já não serás dor,
já não serás triste,
já não serás louco,
já não serás tudo,
já não terás pouco,
já não serás vida,
já não terás morte,
já não serás pedra,
já não terás sorte,
já não serás livre,
já não serás solto,
já não terás sonhos,
já não serás tu...
César Félix


